sábado, 20 de junho de 2009

Rita Lee em BH

Que tal um pic- nic às 22h30min de uma sexta feira? Essa foi a proposta da roqueira Rita Lee ao trazer a turnê de seu novo show, o mesmo gravado para o projeto “Multishow ao vivo”, à Belo Horizonte, no dia cinco de junho.

O relógio marca pontualmente 22h30min quando a rainha do Rock sobe ao palco juntamente com sua trupe, denominada por ela como a “banda dos dalitis” – fazendo referência à casta indiana- e que conta com Roberto de Carvalho e Beto Lee nas guitarras e vocais, Edu Salvitti na bateria, Débora Reis e Rita Kfouri nos vocais, Brenno di Napolli no baixo e Danilo Santana nos teclados.
Rita, como sempre, bem humorada, abre o show com Flagra, acompanhada do princípio ao fim pela platéia. Mesmo fazendo coro, o público não está muito animado, conseqüência da presença de cadeiras (todos estão assentados) e da falta de liberdade que a mesma proporciona ao se tratar de um show de rock com a avó mais animada do país. É visível o desconforto, talvez vergonha, do público devido à questão dos lugares marcados. Já na segunda música, Saúde, alguns esboçam a vontade de se levantar e chegar próximo ao palco, onde a cantora se esbanja entre um acorde e outro. Tentativa frustrada, apenas alguns são corajosos para sair das cadeiras e ocupar um pequeno espaço na lateral da área em frente ao palco. Somente após algumas músicas, que uma grande parte do público resolve levantar-se para cantar e dançar ao som da roqueira.
Já com a platéia dominada, Rita anda, pula e dança sem parar, mostrando que mesmo aos 63 anos de idade, não perdeu o pique e a vontade de fazer um espetáculo cada vez melhor. Em meio a uma música e outra, a cantora para para conversar com o público, faz brincadeiras, conta histórias e comenta a novela, atitude que arranca gargalhadas de sua platéia.

Entre o repertório, muito bem escolhido, diga-se de passagem, estão sucessos antigos, como “Doce Vampiro” e “Lança Perfume”, e novas composições, como “Insônia”. Destaque para a canção “Baby”, de Caetano Veloso, quando Rita aparece caracterizada de Gal Costa, com uma peruca enorme, imitando fielmente o gestual da cantora, para interpretar a música. Outro momento contagiante do show e que arranca gritos da platéia é a antiga Bwana, na qual Rita, movida por uma grande simpatia ao atual presidente dos EUA, faz uma referência ao mesmo, trocando Bwana na letra da música por Obama.
Em meio aos gritos fanáticos do público mineiro, a cantora encerra o show com a já conhecida Ovelha Negra. Após minutos de aplausos, a banda volta ao palco para a sessão de bis. Rita pergunta ao público o que eles querem ouvir, com a resposta em mãos, toca Lança Perfume e Erva Venenosa. Após esboçar sair novamente do palco, volta para mais uma canção, quando com a queda de papeis prateados, a platéia saboreia o último quitute do pic – nic de Rita Lee, oferecido de forma sensacional e divertidíssima ao público mineiro, que com certeza vai dormir satisfeito, contrariando a superstição de que dormir de barriga cheia faz ter pesadelos.

Diploma ou não diploa: eis a questão



Desta vez foi pra valer. Por 8 votos a 1, o STF decidiu que para ser jornalista em nosso país, não mais se exigirá o certificado acadêmico, ou seja, o diploma. Bom ou ruim? Eis aqui a questão.
Como estudante de jornalismo que sou não seria hipócrita a ponto de aceitar tal decisão. Porém, acredito que assim como as notas não medem o conhecimento de um estudante, o diploma não indica se tratar de um profissional competente. Apesar disso, as notas ainda são critérios de avaliação em todo o país. Entramos então em um descompasso. Por que não abolir esse critério de avaliação? Se for para copiar modelos de outros países (nos EUA jornalismo não é graduação, assim como nota não é critério de avaliação), por que não copiar de forma completa? A resposta é simples: porque estamos falando de Brasil.
É clara a defasagem do país quando o assunto é a educação. Por mais que se queira insistir e acreditar, a educação, no Brasil, não é para todos. As escolas públicas, de forma vergonhosa, passam por dificuldades quanto a material didático de qualidade e condições básicas (salas limpas e espaçosas, quadros, carteiras) para que seja possível para um aluno assistir às aulas de forma digna. Além disso, os profissionais da área de educação são, a cada dia, mais desvalorizados. Basta ver as condições dos professores, que trabalham muito por salários miseráveis. Por conta disso, greves são constantes e é comum a perda de aula por alunos, que não tem culpa dos maus tratos sofridos pelo sistema educacional brasileiro. Em suma, o Brasil não tem a menor condição para seguir modelos educacionais de determinados países.
Querem fazer com o jornalismo o mesmo que fizeram com a educação de nosso país, transformar em lixo e vergonha. Mas, por quê? Novamente, a resposta é simples: porque incomodamos. Sem nenhuma cerimônia, aprendemos, durante o curso, a denunciar as mazelas de nosso país. Aprendemos a ética e a honestidade necessárias para revelar tudo o que há de errado com um país que tem tudo para dar certo, exceto pessoas sérias no poder. Assim, como é cômodo não dar educação de qualidade à grande parcela da população brasileira, já que dessa forma, evita-se o desenvolvimento da intelectualidade e possíveis questionamentos quanto à situação do país, também é cômodo não se permitir que a informação de qualidade faça parte do cotidiano dos brasileiros. Podem achar um absurdo, mas essa é a única justificativa plausível que encontrei, já que as “oficiais” não me convenceram.
“O diploma fere a Constituição de 88 que prevê a liberdade de expressão”. Como, se o diploma não proíbe que qualquer pessoa expresse sua opinião em nossos jornais? Prova disso é que profissionais de diversas áreas, não graduados em jornalismo, publicam textos em jornais e revistas por todo o país.
“O jornalismo é como a culinária, não é preciso diploma para ser cozinheiro e sim, prática”. Não se esqueçam que para cozinhar bem seguimos receitas, que nada mais são do que a teoria. Aprendemos primeiro, para depois praticar. Sim, é fato que nem toda receita dá certo, assim como nem todo jornalista diplomado é qualificado. Vemos todos os dias, matérias inconseqüentes e sensacionalistas circularem nas páginas de vários jornais, isto, porque são feitas por profissionais graduados, imaginem se não fossem? Mas isso também pode ser explicado pela falta de preparo e organização de nosso país. Será que se as empresas jornalísticas, responsáveis pelos grandes veículos de comunicação em circulação no Brasil, fossem de pessoas da área, que entendem as necessidades do jornalismo, ao invés de pertencerem a grandes empreendedores, que visam o lucro acima de tudo, o jornalismo inconseqüente existiria?
Ainda é cedo para se falar nas conseqüências que tal decisão pode gerar. Mas uma coisa é certa, ela poderia ser positiva, caso o Brasil fosse um exemplo em educação, formando cidadãos conscientes e qualificados. Como não é, não seria confiável papéis tão importantes, como formadores de opinião e governantes, nas mãos de qualquer pessoa. Por enquanto o diploma ainda serve como segurança e credibilidade para a divulgação de informações. Quanto à política, ainda bem que não há diploma para isso, assim, evita-se perder mais tempo com esse tipo de assunto, enquanto o país passa por sérias dificuldades. Se bem que seria uma forma para desviar a atenção...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Artista também tem família para criar

“Toda vez que vocês pensarem em apertar o botão de download, lembrem-se de que artista também tem família”. Esse foi o apelo, ou melhor, dizendo, o “toque” do produtor e cineasta, Guilherme Fiúza, a todos os que participaram do evento “Conexão Vivo”, no dia 24 de abril de 2009 e cuja temática era o debate sobre direitos autorais.
Contraditório? Pode até parecer. Mas que deixa uma culpa lá no fundo, ah... Isso deixa! Digo contraditório, pois desconfio que hoje, com todos os atrativos da “rede”, é bem difícil encontrar alguém que não tenha se rendido à comodidade, à facilidade e acima de tudo, à economia dos serviços oferecidos pela internet, não é mesmo, Fiúza?!
Bom, se essa desconfiança não for provada, por favor, apresentem-me ao indivíduo. E se tudo acontecer como geralmente acontece no Brasil, onde quem devolve dinheiro achado na rua vira herói da nação, imagine o qual será o destino de quem nunca “baixou” uma música de forma ilegal? Será canonizado: santo, com direito a feriado nacional em seu nome e no mínimo uma semana de festas! Além disso, terá computador tombado como patrimônio histórico da humanidade!
Se artista tem família para sustentar, quem dirá os milhões de brasileiros de classe média que estão bem à margem da distribuição de riquezas no país. Como diz a letra daquela velha banda, “a gente não quer só comida/ a gente quer comida, diversão e arte”. Se é assim, por que a arte não pode chegar de forma plena e acessível a toda a população? Isso, claro, sem prejudicar a classe artística. Afinal, eles também têm esposa, cinco filhos pra criar, cachorro, gato, papagaio, periquito...