sábado, 13 de novembro de 2010

Obrigado, não

Quatro meses sem escrever nada pode parecer nada para muitos, mas muito para mim. O problema é que estou escrevendo, mas não o que quero. É pesado o ritmo de estágio e faculdade. Estou produzindo mais para os outros do que para mim mesma. Mas, essa não é a proposta da literatura e até mesmo do jornalismo? Um subjetivismo coletivo. Escrevo o que penso e sinto para os outros. Posso até ter escrito o que penso, mas o que sinto... Dificilmente, até porque, o tempo para sentir é curto. Mas, como aprendi um dia e ouvi da escritora Marina Colassanti, não podemos ler apenas porque gostamos e, mais ainda, ler apenas o que gostamos. A obrigação também faz parte da vida. Admito que na hora fiquei um pouco decepcionada, mas agora entendo e faço minhas as palavras dela. Não posso escrever apenas o que gosto. A obrigação também faz parte. Mas aí, modifico o pensamento: posso sim escrever, justamente porque gosto. Se não gosto, para quê escrever? Por que tem a obrigação? Sinto muito, essa eu não engulo. E aí fico imaginando como é escrever por obrigação. E descubro que é isso que faço agora, afinal, são quatro meses sem publicar nada. Já passa de obrigação. Mas é uma obrigação com gosto. O mesmo é o caso do jornalismo. Escrevi várias matérias. Todas por obrigação, pois o jornal tinha que sair. Mas também tinha gosto ali. Gosto em escolher cada palavra que usei em meus textos. Gosto em ver sentimentos, trabalho e esforço, tudo reduzido a palavras. Aí, descobri que obrigação e gosto podem andar juntos e que é tudo muito mais fácil quando andam juntos. E aí descobri que estou cansada de escrever por obrigação, então coloco o ponto final e termino tudo aqui, antes que obrigação e gosto briguem e a obrigação passe a andar sozinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário