As coisas são mesmo engraçadas. Cá estou, em mais um dia que se resume a pensar e, de repente, não mais que de repente, o telefone toca. Do outro lado, a voz é de uma mulher, na verdade, de secretária (tão doce que chega a ser bem chatinha – perdoem-me as secretárias e suas vozes doces que articulam tão bem cada palavra que dá até vergonha de manter uma conversa e acabamos mesmo no “pode ser para segunda, muito obrigada). Mas não quero falar sobre as secretárias, na verdade, nem quero falar sobre essa ligação. A secretária liga e chama pelo Jarbas que, por sinal, eu nem conheço. Mas poderia conhecer, levando em conta o fato de que pessoas aparecem e somem com tanta facilidade de nossas vidinhas chatinhas (como as vozes das secretárias).
Sonhei com uma pessoa. Geralmente, nunca me lembro dos meus sonhos e por isso, sempre desconfio que não sonho. Isso me traz uma sensação péssima, é como se eu estivesse vazia. Mas no sonho me encontrei com uma amiga de muito tempo, essas que a gente não vê desde a época do colégio. E ela tinha o mesmo rosto, sempre sorrindo, mas o cabelo era muito diferente, o que me fez desconfiar de que não fosse ela. E o sonho se resume a duas falas: “Quanto tempo!”. “Fui chamada para gravar uma novela na Globo”. Acordei e a sensação foi muito mais estranha do que a de não sonhar. Ela nunca quis ser atriz, estou pensando isso até agora, mesmo sabendo que não é verdade. Mas esse sonho me fez perceber como as pessoas se perdem no caminho e como, impreterivelmente, achamos outras. Veja o Jarbas ou até mesmo a secretária. De repente foram jogados na minha vida. Assim como o andarilho que observo todos os dias enquanto vou para o trabalho ou aquela criança que sempre está esperando alguém para buscá-la na porta da escola. E o cara que sempre vejo no ônibus? O engraçado é que eles estão na minha vida, mas talvez eu não esteja na deles. Será que eles já perceberam e me levaram para suas vidas? E é engraçado perceber que não precisamos conhecer, digo, manter uma relação, para que pessoas se somem às nossas vidas.
Mas e as que se perdem por aí? Essas são, quase sempre, as que você nunca pensou em perder. Que você sabia que iam estar na sua vida para sempre. Essas, com certeza, se perdem com maior facilidade. Saem, talvez, de forma muito mais brusca do que entraram. Mas a vida é assim, não é? Perdas e ganhos. Para uns, perdas. E mesmo assim, seguimos tocando nossas vidinhas, sempre abertas para receber. E digo que essas pessoas que aparecem assim, feito um Jarbas, são as melhores aquisições. Você conhece o Jarbas? Eu também não. Esse é o barato. Ele pode ser o cara do ônibus, o pai da menina da porta da escola ou o andarilho. Mas ele também pode ser alguém que mora lá no Japão, um mafioso na Itália ou o vizinho do apartamento de baixo. Não importa. De uma forma meio torta, ele acabou entrando na minha vida. E pensando de uma forma mais profunda (isso dá medo) ele também acabou de sair. Eu não conheço o Jarbas. A amiga do sonho, que estava perdida, ao ser sonhada, voltou. Nem que seja apenas naquele instante, ela entrou novamente em minha vida. Mas saiu assim que acordei. O Jarbas entrou na minha vida assim que atendi o telefone e a secretária disse “Jarbas”. Saiu depois do “muito obrigada”.
Agora estou aqui, ouvindo o Dorival Caymmi cantar “Marina Morena” e pronto. Mais uma aquisição para minha vida. A tal Marina. Por qual motivo a Marina gosta de se pintar? Ela é da Bahia? De Belo Horizonte? Do mundo? Não sei, só sei que ganhei Marina e alguns minutos depois, a perdi. A música acabou. Desliguei o telefone. Levantei da cama.
Sonhei com uma pessoa. Geralmente, nunca me lembro dos meus sonhos e por isso, sempre desconfio que não sonho. Isso me traz uma sensação péssima, é como se eu estivesse vazia. Mas no sonho me encontrei com uma amiga de muito tempo, essas que a gente não vê desde a época do colégio. E ela tinha o mesmo rosto, sempre sorrindo, mas o cabelo era muito diferente, o que me fez desconfiar de que não fosse ela. E o sonho se resume a duas falas: “Quanto tempo!”. “Fui chamada para gravar uma novela na Globo”. Acordei e a sensação foi muito mais estranha do que a de não sonhar. Ela nunca quis ser atriz, estou pensando isso até agora, mesmo sabendo que não é verdade. Mas esse sonho me fez perceber como as pessoas se perdem no caminho e como, impreterivelmente, achamos outras. Veja o Jarbas ou até mesmo a secretária. De repente foram jogados na minha vida. Assim como o andarilho que observo todos os dias enquanto vou para o trabalho ou aquela criança que sempre está esperando alguém para buscá-la na porta da escola. E o cara que sempre vejo no ônibus? O engraçado é que eles estão na minha vida, mas talvez eu não esteja na deles. Será que eles já perceberam e me levaram para suas vidas? E é engraçado perceber que não precisamos conhecer, digo, manter uma relação, para que pessoas se somem às nossas vidas.
Mas e as que se perdem por aí? Essas são, quase sempre, as que você nunca pensou em perder. Que você sabia que iam estar na sua vida para sempre. Essas, com certeza, se perdem com maior facilidade. Saem, talvez, de forma muito mais brusca do que entraram. Mas a vida é assim, não é? Perdas e ganhos. Para uns, perdas. E mesmo assim, seguimos tocando nossas vidinhas, sempre abertas para receber. E digo que essas pessoas que aparecem assim, feito um Jarbas, são as melhores aquisições. Você conhece o Jarbas? Eu também não. Esse é o barato. Ele pode ser o cara do ônibus, o pai da menina da porta da escola ou o andarilho. Mas ele também pode ser alguém que mora lá no Japão, um mafioso na Itália ou o vizinho do apartamento de baixo. Não importa. De uma forma meio torta, ele acabou entrando na minha vida. E pensando de uma forma mais profunda (isso dá medo) ele também acabou de sair. Eu não conheço o Jarbas. A amiga do sonho, que estava perdida, ao ser sonhada, voltou. Nem que seja apenas naquele instante, ela entrou novamente em minha vida. Mas saiu assim que acordei. O Jarbas entrou na minha vida assim que atendi o telefone e a secretária disse “Jarbas”. Saiu depois do “muito obrigada”.
Agora estou aqui, ouvindo o Dorival Caymmi cantar “Marina Morena” e pronto. Mais uma aquisição para minha vida. A tal Marina. Por qual motivo a Marina gosta de se pintar? Ela é da Bahia? De Belo Horizonte? Do mundo? Não sei, só sei que ganhei Marina e alguns minutos depois, a perdi. A música acabou. Desliguei o telefone. Levantei da cama.