Não estou a fim de levantar às 8. De ouvir o despertador e implorar por mais cinco minutinhos. Não estou a fim de andar pela casa, dar bom dia e escovar os dentes. Não estou a fim de arrumar a bagunça, achar o sapato e entrar pro banho. Não estou a fim de escolher uma roupa, secar o cabelo, pintar o rosto. Não estou a fim do tênis de bolinhas e da calça dois números maior. Não estou a fim de dizer novamente que o quarto é meu e que o sutien fica pendurado. Não estou a fim de ligar o computador, zapear pela TV, ler em espanhol ou ler o jornal. Não estou a fim de pegar o carro e sair por aí. Não estou a fim de parar no sinal, dar tchauzinho e sorrir para estranhos. Não estou a fim de ser educada, achar uma vaga, manobrar o carro. Não estou a fim de abrir a sombrinha, de pegar chuva, de ir ao dentista. Não estou a fim de abrir a boca, dizer que está tudo bem quando nem eu estou bem. Não, hoje não estou a fim de andar até a loja, comprar roupa, comprar nada. Não estou a fim de comer na rua, de comer em casa, de comer. Não estou a fim de chegar atrasada e de sair cedo. De tomar o remédio e lembrar o que já esqueci. Não estou a fim de olhar o relógio, de passar da hora, de passar da conta. Não estou a fim de atravessar a rua, atravessar a vida, atravessar o mundo. Não estou a fim de entrar no carro, de voltar, de sentar, de escrever. Definitivamente, não estou a fim, embora já tenha feito tudo isso.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
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