Talvez eu só
esteja um pouco cansada. Talvez eu tenha acabado de descobrir que não sou de
amores. Não sirvo para o amor, ou o amor não serve em mim? Acho que tenho o
coração apertado, pequeno como um grão de qualquer coisa bem pequena que se
perde na palma da mão. E eu fico tentando encontrar, então me fecho toda como
menino dentro de barriga de mãe. Nasci para escrever, isso sim. Embora o que eu
escreva não faça sentido, são coisas que mostram a alma e confundem o meu
coração tão pequeno que não escuto bater. E jogo todas as palavras dentro de um
copo com água. As palavras mergulhadas num azul profundo me fazem chorar. E o
que eu choro é sal, não é amor. E se você insistir que é amor, te direi que é
um amor pequenininho, tão timidozinho que nem sei. O amor cabe nas palavras e
faz com que o copo transborde. Todas as palavras caíram no chão e eu fiquei
olhando. Era um olhar que não reage, que não quer olhar. Então fecho os olhos e
choro. Choro e sinto meu coração apertado. Uma aflição que nem sei explicar.
Estou sozinha e nem tenho mais as palavras, porque eu não tive a coragem de
olhar. Só sei chorar e a lágrima dói. A coragem dói e eu não estou pronta para
essa dor. Apago a luz e o silêncio vem. Só fica a lua na janela e eu olhando a
lua. Nem estrela tem no céu. Será que elas se cansaram de olhar para mim? A lua
tem pena desse meu amor tão pequeno. Logo a lua, que é tão grande, que ilumina
o mundo sozinha. Quando tem lua eu não tenho medo de andar sozinha. Eu sinto
que ela acompanha os meus passos. Cada passo que eu nem sei pra onde vai. Eu
nem sei pra onde eu vou. Cansei e cansar não me faz bem. É uma sensação de ser
derrotado e eu ainda não aprendi essas coisas. Não ganho sempre, mas voltar me dói
e me custa. Mudar ainda é difícil e eu ainda estou aprendendo. Mas quando falo
que não sei, é porque tenho vergonha de saber. Quando falo que estou bem, é
porque tenho vergonha de estar mal. E quando choro, é vergonha de sorrir. Mas
choro só para a lua. Ninguém me vê chorar. Me sinto tão perdida que até perdi
as palavras. Essa linguagem que me mostra tanto, hoje não quer me mostrar. Hoje
não tenho rosto, não tenho corpo, não tenho alma. Tenho apenas um coração tão
pequeno que tenho que abrir bem os olhos para enxergar. E em coração pequeno não
cabe amor. O amor transborda como a água que transbordou as palavras. Ou foram
as palavras que transbordaram a água? Sinto falta do mar porque onde moro não tem
mar, nunca teve mar. O mar me dá uma sensação de quase amor. Acho que é isso,
eu amo o mar. Amo a água e o sal do mar. Amo sair molhada e rolar na areia. Amo
sentir a areia parte de mim e a água também. Mas o amor pelo mar não cura a
minha falta de amor. E meu corpo queima e me faz ter febre. A garganta dói e a
voz não vem. Está ficando tarde e eu ainda não resolvi. Ainda não senti o amor
chegar perto. Tenho medo e não sei de onde ele vem. Não é da música, não é da
televisão que fala sozinha durante toda a noite. Não é do copo com água que
enchi de novo e levei para o lado da cama. Não é da última lágrima que escorre
porque eu decidi não mais chorar. Não é desse coração pequeno que um dia vai
ser grande porque vai encher de todo amor que virá. Virá, não sei bem, mas virá
e eu poderei cantá-lo, chorá-lo, amá-lo. Sim, poderei amar o amor como a mãe
que ama o filho que tem nos braços. Amar o amor e tudo mais que ele trouxer
consigo. Porque embora eu não seja feita de amores, o amor foi feito para mim. Mas ele ainda não entendeu o tamanho do meu coração.
terça-feira, 19 de junho de 2012
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