E aí, rapaz?
Estou te escrevendo para falar que não acredito nessas coisas de destino, mas é
impressionante como a vida sempre dá seu jeito de brincar com a gente. Eu
estava lá, de novo, mesma data, sete meses depois, naquela mesa, tomando a
minha cerveja, acendendo um cigarro e jogando conversa fora. Eu estava lá,
observando os rapazes passando a toda hora, desfilando seus ares de virilidade
e extremamente sedutores. E aí, rapaz, você, como quem não quer nada, chegou de
novo. Um beijo, um abraço e um ar de quem não está nem aí. Mas desta vez,
rapaz... ah, desta vez foi tudo diferente. Eu já sabia o que ia acontecer
depois. Na primeira vez foi um jogo. Um bom jogo. Você passou, me olhou e já
queria logo ir pra sua casa. Foi tudo muito bom, rapaz. As longas noites
passadas em claro. O calor dos corpos que, apressados, insistiam em ficar
juntos. Bebidas, o cheiro do cigarro que eu tanto gostava, o bom e velho disco
tocando enquanto a gente... ah, a gente, rapaz. E sabe de uma coisa? Eu não me
arrependo não. Até faria tudo de novo, mas na noite passada, eu já sabia tudo o
que ia acontecer. Eu já sabia que você ia embora. E não se culpe, rapaz.
Ninguém tem culpa. É o destino, embora não acredite nem um pouco nele. E
você... é, você ainda insiste que um dia a gente ainda se esbarra por aí. Você
e essa sua conversa mole, fraca de que não quer se envolver. Eu estou na casa
nova, você lembra, rapaz? Lembra da parede que você ia pintar? Então, ela já
foi pintada. Vou colar umas gravuras nela, uns quadros. Quero um quadro da
Janis. Gosto muito mais da Janis do que daquelas músicas que você colocava pra
gente. Agora você está indo embora, como eu já sabia, porque eu sou assim
mesmo. Vivo espantando as pessoas. Cuido, curo e deixo livre para voar. E
sempre voa, rapaz. Você sempre voa. Aí eu fico aqui, acendo o meu cigarro, peço
outra cerveja e fico aqui. Mas eu achei que você ia ser diferente. Não, porra
nenhuma. Você é igual, eu sou igual. Saudade, rapaz, a gente só mostra se
sentir de verdade. Não era pra me enrolar. Mas você vai insistir que jogou
limpo comigo. E agora tá indo embora. Indo embora, mas a gente sempre se
esbarra por aí, não é mesmo? Antes tínhamos nossas conversas, um mundo
totalmente novo a ser desvendado. Agora eu já sei tudo. Sei que você gosta
daquele cara dos Beatles, sei a marca do cigarro vagabundo que você acende e
que me deixa louca. Sei que você tem esse ar de derrotado que tanto me irrita e
ainda sonha que vai ficar rico jogando na porra da loteria. Sei que você é
inseguro, é menino e que vai ficar sozinho. É triste, rapaz, mas eu vou ficar
sozinha também. A cartomante me falou. Você acredita em cartomantes? Eu não.
Mas ela me falou que vou ficar sozinha, justamente porque não sei escolher,
rapaz. Olha só que ironia, não?! Então, eu vou estar lá sozinha e você sozinho
também. E aí você vai falar: Ah, querida, a gente se esbarra. Mas fique
esperto, rapaz, que eu não sou dessas. A única coisa que nos liga agora é o
livro. E você está gostando da leitura? É pra te fazer chorar mesmo, sofrer.
Mas quero o meu livro de volta. E não precisa fingir que gostou não. Você nem
leu, não é? Então, rapaz, vá se foder. É só isso que eu tenho pra te falar
agora. Devolva a porra do livro, seja feliz e vá se foder. Quando você estiver
lá na sua imensa solidão, aí você vai se lembrar. Ah, querida, a gente se
esbarra, não é mesmo? É sim, rapaz, a gente se esbarra.
domingo, 17 de março de 2013
terça-feira, 19 de junho de 2012
O Amor
Talvez eu só
esteja um pouco cansada. Talvez eu tenha acabado de descobrir que não sou de
amores. Não sirvo para o amor, ou o amor não serve em mim? Acho que tenho o
coração apertado, pequeno como um grão de qualquer coisa bem pequena que se
perde na palma da mão. E eu fico tentando encontrar, então me fecho toda como
menino dentro de barriga de mãe. Nasci para escrever, isso sim. Embora o que eu
escreva não faça sentido, são coisas que mostram a alma e confundem o meu
coração tão pequeno que não escuto bater. E jogo todas as palavras dentro de um
copo com água. As palavras mergulhadas num azul profundo me fazem chorar. E o
que eu choro é sal, não é amor. E se você insistir que é amor, te direi que é
um amor pequenininho, tão timidozinho que nem sei. O amor cabe nas palavras e
faz com que o copo transborde. Todas as palavras caíram no chão e eu fiquei
olhando. Era um olhar que não reage, que não quer olhar. Então fecho os olhos e
choro. Choro e sinto meu coração apertado. Uma aflição que nem sei explicar.
Estou sozinha e nem tenho mais as palavras, porque eu não tive a coragem de
olhar. Só sei chorar e a lágrima dói. A coragem dói e eu não estou pronta para
essa dor. Apago a luz e o silêncio vem. Só fica a lua na janela e eu olhando a
lua. Nem estrela tem no céu. Será que elas se cansaram de olhar para mim? A lua
tem pena desse meu amor tão pequeno. Logo a lua, que é tão grande, que ilumina
o mundo sozinha. Quando tem lua eu não tenho medo de andar sozinha. Eu sinto
que ela acompanha os meus passos. Cada passo que eu nem sei pra onde vai. Eu
nem sei pra onde eu vou. Cansei e cansar não me faz bem. É uma sensação de ser
derrotado e eu ainda não aprendi essas coisas. Não ganho sempre, mas voltar me dói
e me custa. Mudar ainda é difícil e eu ainda estou aprendendo. Mas quando falo
que não sei, é porque tenho vergonha de saber. Quando falo que estou bem, é
porque tenho vergonha de estar mal. E quando choro, é vergonha de sorrir. Mas
choro só para a lua. Ninguém me vê chorar. Me sinto tão perdida que até perdi
as palavras. Essa linguagem que me mostra tanto, hoje não quer me mostrar. Hoje
não tenho rosto, não tenho corpo, não tenho alma. Tenho apenas um coração tão
pequeno que tenho que abrir bem os olhos para enxergar. E em coração pequeno não
cabe amor. O amor transborda como a água que transbordou as palavras. Ou foram
as palavras que transbordaram a água? Sinto falta do mar porque onde moro não tem
mar, nunca teve mar. O mar me dá uma sensação de quase amor. Acho que é isso,
eu amo o mar. Amo a água e o sal do mar. Amo sair molhada e rolar na areia. Amo
sentir a areia parte de mim e a água também. Mas o amor pelo mar não cura a
minha falta de amor. E meu corpo queima e me faz ter febre. A garganta dói e a
voz não vem. Está ficando tarde e eu ainda não resolvi. Ainda não senti o amor
chegar perto. Tenho medo e não sei de onde ele vem. Não é da música, não é da
televisão que fala sozinha durante toda a noite. Não é do copo com água que
enchi de novo e levei para o lado da cama. Não é da última lágrima que escorre
porque eu decidi não mais chorar. Não é desse coração pequeno que um dia vai
ser grande porque vai encher de todo amor que virá. Virá, não sei bem, mas virá
e eu poderei cantá-lo, chorá-lo, amá-lo. Sim, poderei amar o amor como a mãe
que ama o filho que tem nos braços. Amar o amor e tudo mais que ele trouxer
consigo. Porque embora eu não seja feita de amores, o amor foi feito para mim. Mas ele ainda não entendeu o tamanho do meu coração.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Impressões
A primeira impressão de Santiago, antes mesmo de chegar a Santiago, foi a de que falar espanhol não é tão fácil quanto pensamos. Falar espanhol com outros brasileiros pode até parecer bem simples, as semelhanças com o português também podem enganar. Antes mesmo da saudade, da vontade de comer alguma coisa que só existe no Brasil ou da diferença de temperatura, encontrei a dificuldade em me comunicar. Hoje é o terceiro dia e já estou um pouco mais solta, pero no mucho, si?! Sí, esta é a palavra que mais uso aqui. E vem cheia de gestos com as mãos e com a cabeça. Ontem ouvi de um velho em Santiago: “Se quieres aprender a hablar español, tienes que hablar com las manos”. Sí. As mãos também carregam as palavras e é impressionante como os chilenos falam com as mãos e como tudo em espanhol soa um pouco dramático demais. Falando rápido, com as mãos, os chilenos vão cantando, sim, cantando suas histórias, enquanto meus olhos tentam não perder o ritmo. Atentos, acompanham cada momento. Pensando no que me disse o velho, concordo com ele e acrescento: O espanhol se fala com as mãos e se ouve com os olhos.
domingo, 17 de julho de 2011
A Página em Branco
O medo da página em branco. Podia até ser clichê, bobagem ou fraqueza, mas para ela era sério. Conhecia também o medo do ponto final, na verdade, o medo de colocar um fim. Com que autoridade ela podia colocar fim em alguma coisa, ou até mesmo decidir onde tal coisa começava? Na verdade, as coisas não começavam nem terminavam, simplesmente eram. A questão toda era descobrir quando. Ouvia palavras, inventava frases, soltas. Faziam sentido e ao mesmo tempo não diziam nada. E ela tinha medo do julgamento. Não pertencia a lugar nenhum. Pertencia à sua língua, às palavras que ouvia, inventava e que a arrematavam em um impulso só. Juntar palavras. Nascera para isso e mais nada. Não sabia desenhar belas paisagens ou retratos com a caixa de lápis de cor que ficava em cima da mesa. Não sabia capturar o momento em que a borboleta pousava na flor ou traduzir todos os sentimentos em melodias e filmes que passavam nas paredes encardidas do quarto escuro. Nem histórias ela sabia contar. Só escrevia palavras, sem começo nem fim, na página em branco.
Acompanhava todos os momentos com o olhar de quem não quer perder nada, mas às vezes perdia. Nessas horas, as palavras não davam conta e quando as palavras não mais davam conta de traduzir o olhar é que ela se mostrava. Nua. Desprotegida. Indefesa. Na pura simplicidade de quem apenas vive. Mas quando estava frágil, quase caindo no abismo escuro, as palavras voltavam para resgatá-la. E vinham com uma força só. Brutas e ignorantes em seus significados, como a onda que arrebenta na cabeça, mar bravio que pega e manda para longe, doce canto de sereia que gosta de enganar.
Queria ser forte, fugir do impulso e dominar aquilo que sentia, então escrevia. Mas as palavras tinham vida própria em suas mãos. Nas mãos dos outros eram obedientes e se alinhavam na posição correta. Às vezes ficava horas observando as frases construídas nos livros e canções que tanto gostava. Estavam todas lá, muito bem arquitetadas, as palavras que ela também conhecia. Mas por que não se deixavam tecer em suas mãos? Era jovem, certamente, mas nas mãos dos jovens poetas ficavam cada vez mais lindas e cheias de sentido. Nas suas, escorregavam por entre os dedos. Então ficava a página em branco e depois, o ponto final que não dizia nada.
Conheceu um poeta e descobriu que se apaixonava muito mais pelas palavras do que pelas pessoas. Podia amar sem tocar e nem ao menos conhecer que forma tinha, se era homem ou mulher, preto ou branco. As palavras diziam tudo. Mas amava na medida em que as palavras se arranjavam de tal forma que a faziam não pensar em mais nada, que a faziam apenas querer ouvir e ler até enjoar e não amar mais. Nessa hora, conhecia outro poeta e outras palavras que na verdade, eram as mesmas, mas diziam diferente. E tentava, ela mesma, domar as palavras que tanto amava. Mas de novo, ela só amava o que vinha dos outros. Juntava palavras, mas não conseguia amá-las, porque essas vinham de si.
Tentou copiar o que lia nos livros, nas canções, nos filmes e nas fotografias. Em vão. A cópia nunca ficava igual, pois sempre se deixava levar por suas próprias impressões do mundo, das pessoas e da vida. Então, por mais que soubesse qual palavra usar, seu pensamento e sentimento a levavam para outra. Assim, as palavras erradas iam ganhando, mais uma vez, a página em branco. Então desistiu.
Com o tempo foi se acostumando. Entendeu que nascera para juntar palavras, que não queriam nem deveriam dizer nada. Entendeu que amava. E o amor é assim, passageiro como as palavras. Às vezes escorre pelos dedos, outras vem forte e arrebatador. Não tem fim nem começo, não tem forma quando vem da gente. Não tem que ter gênero, regra, teoria ou conteúdo. Apenas sentimos, juntamos e pronto.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Perder e Ganhar
As coisas são mesmo engraçadas. Cá estou, em mais um dia que se resume a pensar e, de repente, não mais que de repente, o telefone toca. Do outro lado, a voz é de uma mulher, na verdade, de secretária (tão doce que chega a ser bem chatinha – perdoem-me as secretárias e suas vozes doces que articulam tão bem cada palavra que dá até vergonha de manter uma conversa e acabamos mesmo no “pode ser para segunda, muito obrigada). Mas não quero falar sobre as secretárias, na verdade, nem quero falar sobre essa ligação. A secretária liga e chama pelo Jarbas que, por sinal, eu nem conheço. Mas poderia conhecer, levando em conta o fato de que pessoas aparecem e somem com tanta facilidade de nossas vidinhas chatinhas (como as vozes das secretárias).
Sonhei com uma pessoa. Geralmente, nunca me lembro dos meus sonhos e por isso, sempre desconfio que não sonho. Isso me traz uma sensação péssima, é como se eu estivesse vazia. Mas no sonho me encontrei com uma amiga de muito tempo, essas que a gente não vê desde a época do colégio. E ela tinha o mesmo rosto, sempre sorrindo, mas o cabelo era muito diferente, o que me fez desconfiar de que não fosse ela. E o sonho se resume a duas falas: “Quanto tempo!”. “Fui chamada para gravar uma novela na Globo”. Acordei e a sensação foi muito mais estranha do que a de não sonhar. Ela nunca quis ser atriz, estou pensando isso até agora, mesmo sabendo que não é verdade. Mas esse sonho me fez perceber como as pessoas se perdem no caminho e como, impreterivelmente, achamos outras. Veja o Jarbas ou até mesmo a secretária. De repente foram jogados na minha vida. Assim como o andarilho que observo todos os dias enquanto vou para o trabalho ou aquela criança que sempre está esperando alguém para buscá-la na porta da escola. E o cara que sempre vejo no ônibus? O engraçado é que eles estão na minha vida, mas talvez eu não esteja na deles. Será que eles já perceberam e me levaram para suas vidas? E é engraçado perceber que não precisamos conhecer, digo, manter uma relação, para que pessoas se somem às nossas vidas.
Mas e as que se perdem por aí? Essas são, quase sempre, as que você nunca pensou em perder. Que você sabia que iam estar na sua vida para sempre. Essas, com certeza, se perdem com maior facilidade. Saem, talvez, de forma muito mais brusca do que entraram. Mas a vida é assim, não é? Perdas e ganhos. Para uns, perdas. E mesmo assim, seguimos tocando nossas vidinhas, sempre abertas para receber. E digo que essas pessoas que aparecem assim, feito um Jarbas, são as melhores aquisições. Você conhece o Jarbas? Eu também não. Esse é o barato. Ele pode ser o cara do ônibus, o pai da menina da porta da escola ou o andarilho. Mas ele também pode ser alguém que mora lá no Japão, um mafioso na Itália ou o vizinho do apartamento de baixo. Não importa. De uma forma meio torta, ele acabou entrando na minha vida. E pensando de uma forma mais profunda (isso dá medo) ele também acabou de sair. Eu não conheço o Jarbas. A amiga do sonho, que estava perdida, ao ser sonhada, voltou. Nem que seja apenas naquele instante, ela entrou novamente em minha vida. Mas saiu assim que acordei. O Jarbas entrou na minha vida assim que atendi o telefone e a secretária disse “Jarbas”. Saiu depois do “muito obrigada”.
Agora estou aqui, ouvindo o Dorival Caymmi cantar “Marina Morena” e pronto. Mais uma aquisição para minha vida. A tal Marina. Por qual motivo a Marina gosta de se pintar? Ela é da Bahia? De Belo Horizonte? Do mundo? Não sei, só sei que ganhei Marina e alguns minutos depois, a perdi. A música acabou. Desliguei o telefone. Levantei da cama.
Sonhei com uma pessoa. Geralmente, nunca me lembro dos meus sonhos e por isso, sempre desconfio que não sonho. Isso me traz uma sensação péssima, é como se eu estivesse vazia. Mas no sonho me encontrei com uma amiga de muito tempo, essas que a gente não vê desde a época do colégio. E ela tinha o mesmo rosto, sempre sorrindo, mas o cabelo era muito diferente, o que me fez desconfiar de que não fosse ela. E o sonho se resume a duas falas: “Quanto tempo!”. “Fui chamada para gravar uma novela na Globo”. Acordei e a sensação foi muito mais estranha do que a de não sonhar. Ela nunca quis ser atriz, estou pensando isso até agora, mesmo sabendo que não é verdade. Mas esse sonho me fez perceber como as pessoas se perdem no caminho e como, impreterivelmente, achamos outras. Veja o Jarbas ou até mesmo a secretária. De repente foram jogados na minha vida. Assim como o andarilho que observo todos os dias enquanto vou para o trabalho ou aquela criança que sempre está esperando alguém para buscá-la na porta da escola. E o cara que sempre vejo no ônibus? O engraçado é que eles estão na minha vida, mas talvez eu não esteja na deles. Será que eles já perceberam e me levaram para suas vidas? E é engraçado perceber que não precisamos conhecer, digo, manter uma relação, para que pessoas se somem às nossas vidas.
Mas e as que se perdem por aí? Essas são, quase sempre, as que você nunca pensou em perder. Que você sabia que iam estar na sua vida para sempre. Essas, com certeza, se perdem com maior facilidade. Saem, talvez, de forma muito mais brusca do que entraram. Mas a vida é assim, não é? Perdas e ganhos. Para uns, perdas. E mesmo assim, seguimos tocando nossas vidinhas, sempre abertas para receber. E digo que essas pessoas que aparecem assim, feito um Jarbas, são as melhores aquisições. Você conhece o Jarbas? Eu também não. Esse é o barato. Ele pode ser o cara do ônibus, o pai da menina da porta da escola ou o andarilho. Mas ele também pode ser alguém que mora lá no Japão, um mafioso na Itália ou o vizinho do apartamento de baixo. Não importa. De uma forma meio torta, ele acabou entrando na minha vida. E pensando de uma forma mais profunda (isso dá medo) ele também acabou de sair. Eu não conheço o Jarbas. A amiga do sonho, que estava perdida, ao ser sonhada, voltou. Nem que seja apenas naquele instante, ela entrou novamente em minha vida. Mas saiu assim que acordei. O Jarbas entrou na minha vida assim que atendi o telefone e a secretária disse “Jarbas”. Saiu depois do “muito obrigada”.
Agora estou aqui, ouvindo o Dorival Caymmi cantar “Marina Morena” e pronto. Mais uma aquisição para minha vida. A tal Marina. Por qual motivo a Marina gosta de se pintar? Ela é da Bahia? De Belo Horizonte? Do mundo? Não sei, só sei que ganhei Marina e alguns minutos depois, a perdi. A música acabou. Desliguei o telefone. Levantei da cama.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Vontade
Não estou a fim de levantar às 8. De ouvir o despertador e implorar por mais cinco minutinhos. Não estou a fim de andar pela casa, dar bom dia e escovar os dentes. Não estou a fim de arrumar a bagunça, achar o sapato e entrar pro banho. Não estou a fim de escolher uma roupa, secar o cabelo, pintar o rosto. Não estou a fim do tênis de bolinhas e da calça dois números maior. Não estou a fim de dizer novamente que o quarto é meu e que o sutien fica pendurado. Não estou a fim de ligar o computador, zapear pela TV, ler em espanhol ou ler o jornal. Não estou a fim de pegar o carro e sair por aí. Não estou a fim de parar no sinal, dar tchauzinho e sorrir para estranhos. Não estou a fim de ser educada, achar uma vaga, manobrar o carro. Não estou a fim de abrir a sombrinha, de pegar chuva, de ir ao dentista. Não estou a fim de abrir a boca, dizer que está tudo bem quando nem eu estou bem. Não, hoje não estou a fim de andar até a loja, comprar roupa, comprar nada. Não estou a fim de comer na rua, de comer em casa, de comer. Não estou a fim de chegar atrasada e de sair cedo. De tomar o remédio e lembrar o que já esqueci. Não estou a fim de olhar o relógio, de passar da hora, de passar da conta. Não estou a fim de atravessar a rua, atravessar a vida, atravessar o mundo. Não estou a fim de entrar no carro, de voltar, de sentar, de escrever. Definitivamente, não estou a fim, embora já tenha feito tudo isso.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Entrando no clima das discussões aqui de casa
E se existisse o emprego perfeito? Tá bom, você vai dizer que já existe (dããã). E eu digo que não. Cuidar de uma ilha na Austrália não é o emprego perfeito, até porque, pense bem, uma I.L.H.A na A.U.S.T.R.Á.L.I.A, tipo, Lost. Além do mais, esse é o “emprego dos sonhos”, não o “emprego perfeito” (te peguei. Dããã!). Então, voltando ao assunto do emprego perfeito. Não vou dizer o que cada um que pensou nisso faz. Para os que sabem, sejam legais e finjam que não sabem. Minha irmã reclama do volume de trabalho. O clima também é ruim, paciente gasta paciência. Minha mãe reclama do volume de trabalho, principalmente do trabalho que ela traz para casa. A taxa de analfabetismo e esfaqueamentos também cansa. Meu pai reclama do volume de trabalho. O cheque sem fundo e o PROCON também cansa. Eu reclamo...bom, eu não reclamo, ainda. Sou estagiária e, portanto, me reservo ao direito (leia-se dever) de ficar calada. Resumindo, todos trabalham demais. E como seria esse tal emprego perfeito? Minha irmã responde: sem chefe, salário alto, pouco trabalho, na sua casa. E eu respondo: Já existe. E foi criado por aquele povo que mora em Brasília (dããã). Mais uma discussão chega ao fim.
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