Estavam perdidos, mas agora estão depositados aqui.
Era um típico dia de outono.O Sol aparecia tímido no céu, o vento chegava de leve e como uma criança travessa bagunçava os nossos cabelos. Assim, o clima estava agradável e Belo Horizonte, como de costume, não parava. As largas ruas da capital mineira eram tomadas por veículos grandes ou pequenos, mas insistentemente barulhentos, e por pessoas dos mais diversos tipos que, ao andarem lado a lado, de forma muito apressada e com feições quase sempre cansadas, perdiam suas características especiais, tornando-se apenas a multidão que mais uma vez cortava as ruas da cidade. A impaciência era grande: motocicletas cortando carros de forma inconseqüente, buzinas disparadas sem motivos, homens e mulheres gritando uns com os outros de forma assustadora, mães correndo atrás e xingando as crianças choronas que insistiam em não obedecê-las, cachorros latindo, pássaros cantando, alarmes disparados... Realmente, Belo Horizonte não parava e o caos perturbador e rotineiro impedia aos que passavam de aproveitar o agradável dia de outono. Talvez, nem soubessem do outono. Talvez soubessem demais das horas...
Eu, a mais nova moradora de Belo Horizonte, me juntara a tantas outras pessoas e parada em um ponto estratégico, esperava pelo ônibus que me levaria até em casa. Sempre morei na tranqüilidade do interior de Minas e a movimentada vida de BH me assustava. Em seis meses de capital, jamais ouvira um bom dia quando saia para a aula. Sorrisos eram raros. Os moradores, por costume, medo ou sabe-se lá o que, se limitavam a caminhar sozinhos, preocupados com as sacolas e pastas que carregavam, com um fone em um dos ouvidos e o celular no outro. As pessoas, que em minha cidadezinha sempre apresentavam faces conhecidas, na grande cidade, para mim, não passavam de meros e arrogantes desconhecidos.
O dia continuava agradável e eu continuava a espera do ônibus, até que ele chegou vazio e com uma rapidez estonteante, encheu. Por sorte consegui um lugar para me sentar e como a viagem seria longa, resolvi brincar de adivinhar. Pessoas ao meu lado eram colocadas à prova em minha cabeça e os meus olhos, um tanto observadores, criavam perfis para cada um dos passageiros. Ao meu lado, um homem em seus quarenta anos, roupa formal, fisionomia triste e cansada, aparentava um mau humor e uma intolerância muito grande. Mera suposição. Grande surpresa. O ônibus lotado viajava com muitas pessoas de pé e esse mesmo homem que estava sentado, em um gesto leve, ofereceu-se para segurar as sacolas de uma mulher que estava em pé e não podia se apoiar em nenhum lugar, tamanho o peso que carregava. Meus olhos saltaram de espanto. Então, ainda havia gentileza na Belo Horizonte que se recusava a parar? Não só havia como se revelou naquele homem. Logo ele, que meus olhos insistiam em revelar-me nenhum pouco gentil. A partir daí, a viagem tornara-se familiar. Sentia-me dentro do ônibus daquela cidadezinha do interior, onde rostos conhecidos se ajudavam. Um sorriso se abriu tímido no canto de minha boca. Mas logo a frustração. Nenhum rosto familiar. Nenhum sorriso em troca, nem mesmo o do homem gentil. O ônibus parou, pessoas desceram e como sempre seguiram seus caminhos com a cabeça baixa. Naturalmente, Belo Horizonte não parava. Não parava para um agradável dia de outono e muito menos para uma menina do interior.
Era um típico dia de outono.O Sol aparecia tímido no céu, o vento chegava de leve e como uma criança travessa bagunçava os nossos cabelos. Assim, o clima estava agradável e Belo Horizonte, como de costume, não parava. As largas ruas da capital mineira eram tomadas por veículos grandes ou pequenos, mas insistentemente barulhentos, e por pessoas dos mais diversos tipos que, ao andarem lado a lado, de forma muito apressada e com feições quase sempre cansadas, perdiam suas características especiais, tornando-se apenas a multidão que mais uma vez cortava as ruas da cidade. A impaciência era grande: motocicletas cortando carros de forma inconseqüente, buzinas disparadas sem motivos, homens e mulheres gritando uns com os outros de forma assustadora, mães correndo atrás e xingando as crianças choronas que insistiam em não obedecê-las, cachorros latindo, pássaros cantando, alarmes disparados... Realmente, Belo Horizonte não parava e o caos perturbador e rotineiro impedia aos que passavam de aproveitar o agradável dia de outono. Talvez, nem soubessem do outono. Talvez soubessem demais das horas...
Eu, a mais nova moradora de Belo Horizonte, me juntara a tantas outras pessoas e parada em um ponto estratégico, esperava pelo ônibus que me levaria até em casa. Sempre morei na tranqüilidade do interior de Minas e a movimentada vida de BH me assustava. Em seis meses de capital, jamais ouvira um bom dia quando saia para a aula. Sorrisos eram raros. Os moradores, por costume, medo ou sabe-se lá o que, se limitavam a caminhar sozinhos, preocupados com as sacolas e pastas que carregavam, com um fone em um dos ouvidos e o celular no outro. As pessoas, que em minha cidadezinha sempre apresentavam faces conhecidas, na grande cidade, para mim, não passavam de meros e arrogantes desconhecidos.
O dia continuava agradável e eu continuava a espera do ônibus, até que ele chegou vazio e com uma rapidez estonteante, encheu. Por sorte consegui um lugar para me sentar e como a viagem seria longa, resolvi brincar de adivinhar. Pessoas ao meu lado eram colocadas à prova em minha cabeça e os meus olhos, um tanto observadores, criavam perfis para cada um dos passageiros. Ao meu lado, um homem em seus quarenta anos, roupa formal, fisionomia triste e cansada, aparentava um mau humor e uma intolerância muito grande. Mera suposição. Grande surpresa. O ônibus lotado viajava com muitas pessoas de pé e esse mesmo homem que estava sentado, em um gesto leve, ofereceu-se para segurar as sacolas de uma mulher que estava em pé e não podia se apoiar em nenhum lugar, tamanho o peso que carregava. Meus olhos saltaram de espanto. Então, ainda havia gentileza na Belo Horizonte que se recusava a parar? Não só havia como se revelou naquele homem. Logo ele, que meus olhos insistiam em revelar-me nenhum pouco gentil. A partir daí, a viagem tornara-se familiar. Sentia-me dentro do ônibus daquela cidadezinha do interior, onde rostos conhecidos se ajudavam. Um sorriso se abriu tímido no canto de minha boca. Mas logo a frustração. Nenhum rosto familiar. Nenhum sorriso em troca, nem mesmo o do homem gentil. O ônibus parou, pessoas desceram e como sempre seguiram seus caminhos com a cabeça baixa. Naturalmente, Belo Horizonte não parava. Não parava para um agradável dia de outono e muito menos para uma menina do interior.
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